É basicamente isto.

É basicamente isto.

18 de setembro de 2012

Ninguém se zanga por desamor.

Esta afirmação do MEC é tão verdade. Verdadinha. Acredito que quem se zanga, quem se revolta, quem contesta, quem exige mais, quem não se acomoda, ama à séria. Ninguém se zanga sem amor. Sem amor, deixamos andar, queremos lá saber se vai para a direita ou para a esquerda. É um estado qualquer e total de apatia. Também acredito que há amores que não têm necessidade de zangas. Já é tudo perfeito, dentro da perfeição que se pode atingir. Mas que quem se zanga ama, lá isso vai ser sempre verdade.
Fica o texto completo do Autor:


"Raios partam os dias zangados. Nada há que se possa fazer para fugir deles. Esperam por nós, como credores ajudados por juros injustificáveis, para nos cortarem a fatia do nosso coração que lhes cabe.

Não são como os dias tristes, que não conseguem habituar-se a uma realidade qualquer, que se revelou, sem querer, desiludindo-nos de uma ilusão que nós próprios inventámos, para mais facilmente podermos acreditar, falsamente, nela. Mas assemelham-se para mais bem nos poderem magoar. Depois. Quase ao mesmo tempo. Bem.

Quem não tem um dia zangado, em que ninguém ou nada corresponde ao que esperávamos? A felicidade é a excepção e o engano. Resulta mais de um esquecimento do que de uma lembrança.
Pouco há de certo neste mundo. São muitos os pobres, mas não são poucos os ricos. As pessoas do sexo masculino não se entendem nem com as pessoas do sexo masculino, nem com as do sexo feminino. As pessoas, sejam de que sexo e sexualidade forem, compreendem-se mal. Dão-se mal, por muito bem que se dêem. As mais apaixonadas umas pelas outras são as que menos bem aceitam as diferenças, as incompreensões, os dias zangados e as noites zangadas que apenas servem para nos relembrar que todos nós nascemos e morremos sozinhos. E que viver é um enorme entretanto, de que devemos tirar partido, sobretudo quando há a sorte de amar e ser amado ou amada.
Os dias zangados são dias de amor. Ninguém se zanga por desamor. O amor sobrevive e continua, como vingança."

Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público (23 Dez 2011)'

CM

6 comentários:

  1. Engraçada a data desse texto! Não deve haver mesmo coincidências... Um dia explico! :)

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    1. Explicas mesmo, que agora fiquei curiosa :)

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    2. Além de toda uma história há mais esta coincidência:
      http://www.imdb.com/name/nm0891641/ :)

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  2. ola Nico! Belo texto MEC, muito bom! Quem consegue fugir daqueles dias zangados ou menos bons? Eles aparecem como ladrão, estão a nossa espera sem dar-mos por eles e não há maneira de fugir deles...Agora só temos de fazer distinção entre o real e a ilusão...quando devemos insistir ou desistir.... e agora estou confuso Nico! Mas o texto é bom.... :P

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    1. Todos nós sabemos quando desistir, sabemos identificar esse momento. Se ainda existem dúvidas, geralmente, é porque não está na altura. Digo eu...que às vezes acho que percebo tanto do assunto, como percebo de matemática aplicada.

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  3. Mais uma vez o MEC acerta na mouche.. Exactamente como penso... Muito bom, não conhecia este, mas aplica-se a 100% a mim...

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