Contradições minhas.

Há dois tipos de pessoas : as que escolhem os caminhos mais fáceis, menos tortuosos, mais planos. E há depois o outro tipo de pessoa : eu. Que não faço parte daquele grupo. Que faço parte do grupo das pessoas que não resistem ao complicado, ao desafio, às causas perdidas e às missões quase impossíveis. Nem será bem um não resistir. É uma propensão, mesmo. Devem contar-se pelos dedos de uma mão, as vezes que consegui escolher o caminho mais simples. O que me ia trazer menos dores de cabeça, uma vida mais descansada. É bem verdade que a vida, na sua essência, é complicada. Todos aceitamos que este é um facto incontornável. Mas, fazendo um mea culpa aqui, muitas vezes somos nós que a complicamos mesmo. Ou que, para ser mais exacta, quando colocados numa situação de escolha, escolhemos o mais difícil.

Na verdade, ainda não consegui descortinar a origem desta propensão. Pode ter na base uma eterna insatisfação que resulta na procura de qualquer coisa mais. E qualquer coisa mais, implica não baixar os braços só porque escolhemos o mais complicado. Mas também pode ser precisamente o oposto : pode ser uma pura incapacidade de viver em zonas de conforto. Com a simplicidade que isso implica. Talvez não seja assim tão simples viver com uma vida simples. A sério que não sei. Mas, um dia, vou perceber as minhas escolhas e, sobretudo, perceber porque é que, afirmando eu com toda a convicção que só quero uma vida simples, acabo por escolher o caminho mais complicado de cada vez que há uma escolha a fazer.

O ser humano é feito de contradições, e eu sou um exemplo gigante disso mesmo.